quarta-feira, 11 de março de 2020

ESTAMOS NO FUTURO. VEJA NELE A NOVA ITABIRA


Eu sou a voz do futuro. Por conseguinte, não me leia agora. Deixe para quando o porvir chegar. Somos de Itabira  sempre.  Antes, durante e depois. Existirá fisicamente a nossa terra em época que dizem ser imaginária, o hoje tocável? É claro que sim. Os traumas das mudanças consumaram-se como vencidos. A cidade começou vida nova. Mais acanhada, mas segue sobrevivendo.

A Itaurb foi privatizada. Não teve jeito. Houve desemprego em massa, mas alguns funcionários foram reaproveitados. A empresa que a adquiriu está feliz que até transparece.  Todos fizeram um ótimo negócio. Para que isso ocorresse bastou que se aplicassem regras profissionais. Antigamente, a velha cuidadora do lixo itabirano tinha a característica de cabide de empregos. Pendurava os prometidos de campanhas. Agora mudou. Nem cabide, nem armário, nem guarda-roupa.

Um destempero generalizado ocorreu quando também privatizaram o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). Os contrários alegavam que o Saae dá muito lucro e é organizado. Contudo, os decididos do futuro atual provaram que se poderia triplicar o lucro. A contraprova de necessidade foi apresentada pelo temor de altas excessivas nos valores das contas. Não adiantou. Hoje a empresa se transformou e tem número reduzido de funcionários. A excelência cresceu. E não falta mais água em torneira alguma, nem na periferia.

Do futuro vimos o passado, pertinho, logo ali. Nele aprendemos a conjugar, não apenas gramaticalmente, mas sob a visão da filosofia, vários verbos. Uma das expressões começa com a letra E. Refiro-me ao verbo evitar, que é transitivo direto. Evitar o quê? A conjugação é normal, o verbo é regular. Mas a sua explicação é complicada. O sujeito só diz que evitou fazer alguma coisa quando praticou e deu certo. Ou seja, ia passar numa ponte; decidiu não passar; imediatamente, a ponte caiu. Evitou.


Itabira, década de 1960: prefeito Daniel Grisolia acompanhando asfaltamento

Itabira não evitou os traumas ocorridos. Poderia  não ter feito isso ou aquilo. Temos este conhecimento somente agora no futuro inimaginável. Ocorreram determinadas e previstas correrias. Politicamente, muitas acusações. No mundo para tudo procuram um bode expiatório. O fato de a Vale sair fora do contexto, ter deixado dezenas de barragens como presentes de grego para os itabiranos, além dos buracos,  constituiu culpa de A, B, C ou D. Os mais acusados são evidentemente os políticos.

Político não tem ideia. A ideia é que tem o político. Ele, normalmente, não faz o que é certo, mas o que ouve dizer nas esquinas, salões de beleza e velórios o que  se impregna na cabeça do povo. Quem faz o maior zum-zum-zum consegue emplacar os seus desejos. Por isso chamam certas figuras e certas organizações de formadoras de opinião.

Alguém quer saber que rumo tomaram os desesperados, amantes da mineração e do lucro rápido. Eu digo que zarparam para outras cidades mineradoras. A mineração demora a entrar na cabeça do ser humano. Depois, dificilmente, sai. Entra como cola-tudo. Os mineradores ficam até invejosos dos plantadores de verduras, frutas e legumes, e admiram os puxadores de agronegócios. Mas não se desgrudam da ideia do bamburro, do lucro imediato, entrada reluzente do ouro e seus derivados em bolsos forrados.

Resumo da história itabirana:  tenta-se, ainda, encaixarem  os itabiranos de coragem e de verdade na nova vida que se impôs acontecer na terra de Carlos Drummond de Andrade, tirando-a da condição de incógnita. O que está mandando na economia é a difusão de conhecimentos, expansão de universidades. Os aposentados vão vivendo enquanto Deus lhes dá mais prazo de dias, meses e anos. Os cinco mil funcionários municipais deram seu jeito e viraram mil e ainda falam que precisam ser reduzidos.

Quem está entre o passado, o presente e o futuro quer saber: quem foi, quem é e quem será o dirigente máximo de Itabira durante tantas enchentes, tempestades, terremotos, tsunamis, furacões? Só posso responder daqui a pouco.

E querem saber também notícias dos chineses. Não arrisco dar  respostas ainda. Somente sei que foram atraídos e parece que, depois, traídos. Talvez fosse pelo medo do coronavírus.

Perguntam, finalmente: em que a Vale contribuiu para que esta aparente calmaria reinasse neste futuro presente? Resposta: ela foi discutir o tema na Bolsa de Valores de Nova York. Em lá chegando, deparou-se com ninguém na área. Nadou de braçadas. E assinou na ata em que redigiu de bom grado: “Fim de meus compromissos. Bye, bye, bye”.

José Sana
Em 11/03/2020

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