O velho tem que ficar em casa,
quieto, concordo em gênero, número e grau.
Mas o novo, o jovem, o mediano
tem que sossegar-se num ambiente e não ficar falando com pessoas diferentes,
desconhecidas neste tempo de recolhimento. Ou seja, não mudem os belezinhas de ambiente e de pessoas com as quais lida no dia a dia.
Desde quando me botaram o apelido
de idoso só levo tinta. Chego no banco e vejo jovens enfileirados no caixa “preferencial”.
Fico esperando, esperando, esperando. E o banco “num tá nem aí”.
Vou à farmácia e lá está um
veículo de jovem estacionado no espaço “idoso”.
Vou à padaria, supermercado, loja
e constato: tem um piolho no meu lugar no estacionamento preferencial.
Vejo as pessoas reclamarem: tenho
mais de 60 anos e não me cedem lugar nos ônibus!
Enfim, além de comer esses
descaramentos todos ainda mandam os “veios” ficar isolados em casa. Que
injustiça! Que covardia!
Providenciem uma coisa: fiquem
imunes os jovens de nossas famílias e, em consequência, não haverá problema algum. Vocês, os
chamados garotos e garotas, podem chegar e bater papos conosco, sim, desde que se
preservem, não tragam vírus.
Fiquem todos sabendo: se querem
seus coroas vivos, saibam preservar a saúde jovem. Estando os jovens imunes, os
velhotes também estarão. E pergunto: que mal faz um velho sadio se encontrar
com um jovem também sadio? Até uma criança! Onde não existe coronavírus não
existe risco.
NOTA: A nossa cozinheira, muito amiga por sinal, tem a
mania de ir para Itambé nos fins de semana. Já avisei pra ela: “Não vá e, se
for, não volte aqui!” A regra é esta: cancelado o artigo da Constituição que dá
ao cidadão o direito de ir e vir. Se o idoso perdeu o direito de sair de casa,
o jovem perde a liberdade de ficar pra lá e pra cá, conversando com o povaréu
doido.
José Sana
Em 18/03/2020
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