Abro um parêntesis nesta pausa para me lembrar de uma tia torta,
de nome Bárbara, conhecida como Tia Barbita, que nasceu e morou em São
Sebastião do Rio Preto, e ainda teve endereço em Itabira e Brasília, falecida
recentemente. Ela era uma cozinheira de primeira linha. Pegava uma abóbora, ou
chuchu, ou jiló e fazia deles um banquete. Ou melhor, como está no título desta
página, Tia Barbita conseguia
transformar feijão + arroz + tempero num banquete, sem sequer medir a quantidade
de cada ingrediente, de olhos fechados ou conversando as novidades do dia a dia
ou das novelas das oito ou das nove. Contavam seus ancestrais que ela nasceu
boa cozinheira. Precisou apenas conhecer as iguarias para transformá-las como
se as benzessem. Fecho o parêntesis.
Quando nasceu o gênio Ronaldinho Gaúcho, em Porto Alegre, sua mãe, a amada Dona
Miguelina, nascida em 1949, ano representado na costa do ídolo do Clube
Atlético Mineiro pela camisa R49, alguém deve ter dito: "Chega ao mundo um
craque do futebol". Foi preciso apenas o tempo e o tempero, este simbolizado
pela torcida do Grêmio Porto-Alegrense. O moço percorreu o mundo e assombrou o
mesmo mundo com o seu futebol (jogou na
França — Paris Saint Germain, Espanha — Barcelona, Itália — Milan). Importante é
citar que em 2004 e 2005 foi eleito o
melhor jogador do globo terrestre pela Fifa. Em 2011, foi acolhido por uma
multidão no Rio de Janeiro, começando a jogar pelo Flamengo. Todos sabem que
não deu certo, saiu de lá protagonizando uma briga feia com o clube carioca por
motivos alheios ao objetivo desta página.
Este ano, chegou ao Clube Atlético Mineiro, aplaudido pela torcida
apaixonada mineira e renegado pela maioria absoluta de adversários (não vou citar nomes nem sequer a que facções
pertencem os nuvens negras). Ele era o jiló amargo, ou a abóbora sem sabor,
assim como o chuchu. Mais precisamente, Ronaldinho chegava como um feijão com
arroz da Tia Barbita, mas lhe faltava um tempero. Esse, ele mesmo revelou em
outras palavras, ao mostrar que nada houve na vida dele que o motivasse como a
torcida do Galo.
Quantos já tentaram definir o que é essa torcida? Muitos pensam
que são conformados amantes do futebol e das cores preto e branco. Cada um
emite o seu palpite diferente da torcida e dos cronistas imparciais. Mas se
fosse publicar a lista de declarações contrárias, demonstrando desprezo à contratação feita pelo trio Alexandre
Kalil, Eduardo Maluf e Cuca, ocuparia todos os espaços deste blog. Prefiro
apenas mostrar a certeza da torcida atleticana, que sentiu no ar o cheiro de
alegria e vibração, para ajudar o grande meia-atacante a voltar a jogar o
futebol, o mesmo de antigamente. Segundo as estatísticas, R49 está mais
eficiente hoje que nos do tempo do Barcelona, Seleção Brasileira, ou mais
especificamente, nos anos de 2004 e 2005, quando recebeu a Bola de Ouro.
O feijão com arroz carismático encontrou em Belo Horizonte o alho, a gordura
e a arte de cozinhar que tinham lhe arrebatado por meio de agressões morais e covardes. O
segredo, nasceu com ele, mas o tempero vem da torcida, que não é a maior do
Brasil, mas prova que é a melhor, a que faz com o jogador uma espécie de
simbiose indescritível ou indefinível. Ele arrepia, a torcida arrepia, eu arrepia e você, se es tá lendo esta página, arrepia mais que todos.
Ronaldinho conquistou os
jogadores, levantou o futebol deles e fez a torcida do Galo soltar gritos mais
altos e mais trêmulos de emoção e vibração. Salve o feijão com arroz mineiro
com um tempero que se transforma em banquete em cada jogo na Arena
Independência e no ano que vem, todos têm a certeza, no Mineirão de 64 mil lugares disponíveis para milhões de corações alvinegros.
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