segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Voto consciente? Conte outra...


Em todas as eleições o filme se repete: “O voto é uma arma que você tem para mudar a sociedade”, “Vote consciente”, “Não venda o seu voto”, “Vote com liberdade” etc. e tal. Os TREs, TSE, a Igreja Católica e outras entidades fazem propaganda pelo voto limpo. Este ano, bateram muito na tecla “ficha limpa” e vontade do povo. Parecia que nós, cidadãos, mudaríamos o mundo votando certo. Grande piada! Conte outra...

Votar em quem? Alguém pode responder? Poderiam me dar resposta a esta pergunta: de que forma encontramos o candidato, ou os candidatos certos? Vamos... se quem mais decide por nós é o marketing, e sendo marketing sinônimo de falsidade, como acertaríamos escolhendo pelas suas imposições de propaganda?

Li num site por aí que vêm sendo feitas pesquisas pós-eleitorais sobre o voto. Um resultado interessante é o seguinte: em menos de um ano, 90% dos eleitores de um candidato numa cidade qualquer se arrependem por terem escolhido tal e tal pretendente a cargo público. Desculpem-me os simpáticos moradores de Santa Maria de Itabira com o que vou escrever agora: essa cidade tem os eleitores mais arrependidos que conheço. Espero que santa-marienses se vangloriem sempre por terem escolhido Grilo para governar de 2013 a 2016 a sua cidade.

A esperança em todo candidato dura até quando acaba a esperança do milagre que ninguém faz. Normalmente, numa cidade, mudam-se as caras, mas a monotonia de a vida continuar do mesmo jeito permanece. Tem uma outra cidade por aí que elegia um cidadão de vez em quando. Esse entusiasmava a população com o seu carisma durante as disputas, mas ao se eleger chamava a tarefa de governar a sua cidade de “merda”. E tudo para ele era merda: prefeitura, cidade, trabalho e até o povo.

Quando os partidos políticos escolhem os candidatos fica claro que democracia é balela pura. A ficção se alonga até o momento em que são apresentados os nomes dos concorrentes. Geralmente, candidatam-se vez por outra os bons cidadãos, mas nem sempre. Quer dizer que uma grande maioria tem que ser engolida como um sapo de pernas abertas. Na hora de votar, tanto o nome a ser escolhido vem do marketing, ou seja, fantasiado de gente boa, quanto pode não ser o que gostaríamos de eleger, apenas o menos ruim.

Para que o voto seja livre e represente a vontade popular, precisa-se, inicialmente, acabar com a sua obrigatoriedade. Onde já se viu alguém ser obrigado a fazer alguma coisa representar democracia e liberdade? Além dos votos nulos e brancos, há os que votam por protesto, ou seja, que são arrastados às urnas. A maioria vota para garantir uma aposta qualquer, ou mesmo desabafar alguma raiva. E não seria esse o objetivo da manifestação popular.

E encerrando no ficha limpa, uma pergunta: todo ficha suja já foi limpa e cristalina. O poder é que corrompe o cidadão. E me crucifiquem se estiver rabiscando mentiras...

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