quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Reprisando a criação do mundo: lições para os governantes de nosso tempo

O mundo deu errado. Todos sabem disso. Até o vira-latas da esquina que passa fome por falta de controle de seus donos. A maioria dos seres ditos racionais  fica calada mas já sabe da verdade. O que houve, afinal? Não precisa ser inteligente, nada de intelectual, graduado, pós-graduado, detentor de títulos de mestrado, doutorado, PHD para chegar-se a esta conclusão. O resultado está estampado no mundo não mais dividido, mas retalhado, esmigalhado. 

É claro que vieram os equilibrados e tentaram dar um basta, consertar um pouco. Serviram, sim, para chamar a atenção, mostrar que ocorreram desvios. Talvez, se não tivessem vindo estivéssemos em situação ainda pior.  Contudo, não vamos citar nomes, nem declinar a vida dos bons  para que cada um os venere.  A hora é determinada a estabelecer a ótica do pisar  no chão, não existe outra cautela mais adequada. Isto para que não me acusem de  utilizar simbolismos e outras suposições pouco aceitáveis no reino animal.

Vamos simplesmente retroceder à criação da forma que a entendemos. Não importa se começamos por  Adão e Eva, pautando o Velho Testamento, ou o Big-Bang, teoria bem aceita pela ciência, ou outras suposições pouco aprofundadas. Ou se seguimos a Seleção Natural de Charles Darwin.  Importa que houve começo (ou seria sequência?) e que continuam ocorrendo transformações. Vamos considerar esta afirmativa como lei: o mundo é de transformações e ponto.

Comecemos por um início qualquer, mais próximo da civilização, e vamos evitar engendrar nossa imaginação na divisão do tempo em idades, como fizeram, para facilitar o estudo e melhorar o entendimento na época, historiadores do século XIX: dividiram a História em Antiga, ou Antiguidade, Medieval, Moderna e Contemporânea. Agora é contemplar, na visão dos analistas atuais o princípio e  a sequência de tudo.

A partir do  Homem de Neandertal, espécie extinta do gênero Homo, estudada por historiadores e antropólogos, cuja existência está ligada à evolução do homem moderno, podemos vislumbrar acontecimentos à luz da razão. A existência comprovada desses e de outras buscas feitas por estudiosos  por meio de fósseis encontrados na Europa e na Ásia, datam esse como o período Pleistoceno (cerca de 2 milhões e 500 mil a 12 mil anos atrás). Aí podemos imaginar a raça caminhando pela face do planeta à procura de sobrevivência. Sua sustentabilidade pode ser analisada à luz de Arthur Schopenhauer (Alemanha, séculos XVIII e XIX) em “O mundo como vontade e representação” (1819).

Muito antes, observando períodos pré-históricos, percebemos o que houve de errado no decorrer do tempo e vamos resumir  esta conclusão numa frase: o ser humano desligou-se de seu estado natural. Diria o seguinte: saiu quebrando a cabeça pelo mundo afora, sem ter segurança absolutamente alguma do que era certo ou errado, pior que tudo ocorreu a partir do primeiro erro. A prova de que esta afirmativa é correta está em praticamente todas as nossas ações de hoje que, mesmo com a ajuda valiosa da ciência, permanece o ser vivente sempre tomando o rumo da incerteza, e apreciando, por vaidade ou dever de mostrar conhecimento e autoridade, sua mania de inventar, insistentemente inventar, assentado no trono insustentável de falsas convicções.

Regido pelas leis de cada parte do globo terrestre, o habitante do mundo seguiu e segue passos inseguros, guiando-se por determinados costumes e sentimentos, que construíram culturas diferentes, sempre desiguais. São manias errantes as praticadas no decorrer de milhões de anos, cujos resultados de ações costumavam parecer o contrário mas, na verdade, nada disso são.

Religiões diferentes, cultos sem fundamento algum, pensamentos desiguais, ideologias toscas —  inventaram tantas balbúrdias que resultaram nisto: formaram-se pirâmides desestruturadas e tais montagens gigantes mostram o ser vivente balançando  na ponta de cima, para aonde seguem e convergem todas as deduções e conclusões, que se debatem em guerras de “blá-blá-blás”. E balançam, e deixam o pânico gerar porque podem ruir a qualquer momento pelo motivo claro: falta de estrutura. Para anunciar esses desarranjos sempre existiram os verdadeiros e os falsos profetas, além dos anunciadores do terror. Mas há também analistas neutros, que seguem a estrada do equilíbrio.

A questão em foco é, pois, o desvio de normas legalmente naturais da Natureza. Ora, o homem, os animais, as plantas, o conjunto, o meio ambiente em si, representam algo que deve sempre estar equitativamente em harmonia por envolverem todas as coisas com vida e aparentemente sem vida existentes na Terra. Tudo afeta os outros ecossistemas existentes, incluindo os seres animais, internos e externos. A liberdade, por exemplo, é uma dádiva da Natureza ao homem, sina qua non, em forma de livre-arbítrio, que não pode ser confiscada de maneira alguma. Que os tendenciosos à prática da ditadura  acordem de seus sonhos de caminhar para regimes de exceção.

Agora, a pergunta que surge imediatamente dos curiosos: o que fazer a esta altura do campeonato para corrigir esta rota estupidamente errante? Resposta: para quem está sossegado ou inquieto no seu ninho, apenas a expectativa e o dever de dar um estrondoso grito de “mundo, por favor, pare!” Para os que detêm a autoridade, a receita é, primeiramente, procurar saber o que é a Natureza, e a partir daí tratá-la como ela merece. O natural tem suas leis indestrutíveis e incontestáveis. O ser humano as conhece, basta estabelecer um ponto de observação ponderável e fiel. E logo parar de inventar pensamentos políticos, ideológicos, fanaticamente religiosos, ou de imposição do poder do forte sobre os demais.

Existe uma receita estabelecida num dicionário que comecei a organizar em 1986, há, portanto, 35 anos. Contudo, cheguei à conclusão, depois de tanto trabalho, de que  todos devem criar  o seu compêndio particular. Este particular torna-se, automaticamente, coletivo — eis aí se escancara a maior prova de termos encontrado a verdade. Qualquer pessoa, analfabeta ou graduada, faz a sua lista de leis naturais de acordo com a visão de seu mundo. Depois, quem assim o desejar, constatará que o Dicionário de Leis Naturais aparece como apenas um, único, intocável, iguais para todos. Todo mundo faz a mesma coisa até aonde deseja ir. Impressionante esta conclusão. Vamos ver isto ainda, com provas irrefutáveis.

 José Sana

13/01/2021

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