sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

RESISTÊNCIA ITABIRANA (II): a Vale chegou. E agora, a Vale vai?

Era 1º de junho de 1942, Getúlio Vargas assinava o decreto-lei de criação da Companhia Vale do Rio Doce, depois de encampar as reservas de ferro até então em poder da Itabira Ore Company, desde 1911. O entusiasmo pela atividade começara, como se mostrou em Resistência Itabirana I, no anúncio, feito na Suécia, no ano anterior, a respeito do gigantismo do Cauê, o maior pico do mundo.

A vinda da Vale, viria tapar um vácuo no termo exaustão. Itabira tinha vivido o primeiro ciclo de mineração, do ouro, que trouxera o desânimo a muita gente, a exemplo de outras cidades mineiras, como Ouro Preto, Mariana, Caeté, Diamantina e Serro.



Francisco de Almeida, ou Chiquinho Alfaiate (1915-2015), tornou-se  uma fonte viva para narrar os primeiros passos da Vale em Itabira. Ele contou que, após o decreto de Getúlio Vargas, chegaram logo caminhões de alta potência a Itabira e, na hora do almoço, fizeram a festa de curiosidade e esperança do itabirano pelas ruas da cidade. 

Fernando José Gonçalves deixou, em sua autobiografia (2012), a seguinte frase: “No princípio, a Vale não tinha crédito. Dr. Pedro Guerra, engenheiro e dono de grande fortuna, foi quem socorreu a empresa, emprestando-lhe valores para sobreviver”. E conta ainda que nas casas comerciais de Itabira era comum encontrar-se o chamado de atenção em aviso afixado nas prateleiras: “Vale? Nesta Companhia não se fia!”

Hoje se foca mais em competitividade global. A mineradora foi transformada  numa das maiores empresas do mundo. Trilhou um caminho tortuoso, venceu obstáculos, agigantou-se para, depois de produzir riquezas imensas ao Brasil, preparar-se para deixar de vez o Sistema Sul. O anúncio de que vai embora para o Norte do país partiu do então presidente, Fabio Schvartsman, em 13 de março de 2018, depois confirmado por seguidas manifesta-ções de diretores e gerentes.

De novo, a volta ao principal objetivo da Resistência Itabirana, cabe uma pergunta: vamos continuar de braços cruzados? A comunidade de Itabira e regional não podem perder mais tempo. Ou deve continuar à margem dos acontecimentos? Ela precisa aproximar-se do poder público e exigir que caminhemos juntos, a passos seguros, num rumo determinado e inarredável para garantir a vida de nossos descendentes. A todo custo.  Existem sendas que podem ser bem traçadas e trilhadas para se alcançar um destino auspicioso.

José Sana

Em 15/01/2021

Foto: Roneijober Andrade



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