quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

RESISTÊNCIA ITABIRANA (I): ou tudo ou nada!

Vivemos os anos 1939-1945. Eclode na Europa a Segunda Guerra Mundial. A luta que se trava é dos Aliados contra os do Eixo. Esses, comandados por Adolf Hitler e Benito Mussolini, têm o objetivo de implantar o Nazismo e o Fascismo no mundo. Os Aliados lutam para defender a continuidade da paz mundial. Segundo estatísticas, morreram mais de 60 milhões de seres humanos no conflito.

 Do outro lado das guerras, o Brasil  hoje vive um ambiente parecido com o conflito mundial, e ninguém sabe em que tópico está o cronograma da pandemia atribuída a um vírus a quem chamam Covid-19. Batendo o passado com o presente, conclui-se que em ambas as lutas, comparando-se as épocas — décadas de 1930/1945 versus anos 2020 —  registra-se a mesma questão da vida apreensiva, amedrontada pela iminência do caos. Morreram até agora, janeiro de 2021, quase 2 milhões de pessoas acometidas pelo mal do desconhecido.

 Enquanto a mineração aponta, em 1942,  para um futuro promissor, hoje ela deixa intranquila Itabira, porque está sendo minguada também pela pressa das necessidades econômicas, tanto da empresa quanto dos cofres públicos.

Anos 1940: extração de hematita no tempo da picareta 

O Cauê, revelado para o mundo no XI Congresso Geológico Internacional, realizado na Suécia, em 1910, como o maior ponto concentrador de riquezas de minério de ferro de alto teor no mundo, hoje tornou-se um imenso buraco. No seu entorno, minas secundárias, resistíveis ainda às custas da tecnologia transformativa, sustentam ainda a terra então promitente mas muito pouco aproveitada.

 Naquele velho tempo de nascença, a  Companhia Vale do Rio Doce instala-se em Itabira com arrancada auspiciosa. Às custas dos itabiranos, de suas riquezas e da alavancada do conflito mundial, amedrontador, terminado em 1945 (o fornecimento de minério de ferro aos Estados Unidos deu forças ao nascimento da CVRD) , a empresa transformou-se numa potência internacional.

 Da época em que “cada um de nós tinha um pedaço no Pico do Cauê” (Drummond, 1930) até a vida real, com a cava no lugar do cimo, o tempo de governar, consumido pela longa dormida no ponto, pode continuar impedindo que se trave, sem entraves, a busca pelo futuro. As sub-riquezas do pico ao redor agora têm data para fechar as portas: qualquer mês de 2028, segundo a própria mineradora.

 Diz a voz dos competentes: “Acordai, itabiranos, e não mais façais  como nos velhos tempos em que vós próprios, moradores da vila, vendestes as minas aos ingleses por migalhas de réis. Resistência agora é tudo ou nada. Cauê é cava. Não sejais vala!”

 José Sana

14/01/2021

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