sábado, 20 de outubro de 2018

“CARA, EU NÃO TENHO O DIREITO DE TER OPINIÃO?”

Tenho tristes conclusões sobre o mundo até agora no que se refere aos seus habitantes. A mente do ser humano está muito devagar, quase parando. Alguém vai dizer que esta é apenas uma opinião, a minha, urge que concorde: é verdade, trata-se de uma palpite, aquele a que temos direito, já que vivemos num país democrático e exercemos o que trazemos desde a criação do mundo, o livre arbítrio. Acabo de sair de um diálogo interessante. Uma pessoa discutiu política comigo e me esculhambou: “Quero que me deixe com a minha presunção, convicção, teima, conjetura, e  caia fora daqui com o seu conceito, julgamento, parecer e capricho para os raios que o parta!”

Abri este texto com o parágrafo acima para explicar o que um jovem de 17 anos atirou em minha cara. As palavras estão entre as aspas abertas e fechadas. Para  encerrar o debate, daqueles que se desenrolam num boteco de ideias, novidade por ser entre  duas gerações, ele e me calou de vez: “Cara, eu tenho ou não tenho o direito de ter opinião?” É claro que foi um convite ao silêncio, ao fim do bate-papo, ou mais que isto, a um arrebenta-goela.




Qual a opinião do jovem que ensaia  — disse que já está preparado  — para a vida? Ele é anti-bolsonaro, anti-capitalista, anti-liberal e pró Haddad, PT, Lula Livre, Foro de São Paulo, Socialismo Bolivariano e comunista de papo amarelo. E é, também, amante do autoritarismo, ou da ditadura do proletariado. Sim, aquele mesmo regime que não deu certo na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e culminou com milhões de assassinatos nos períodos Lênin e Stálin. O rapaz ainda acrescentou que deseja “ver triunfar a União das Repúblicas Socialistas Latino-Americanas (URSLA).” Sequer pisquei os olhos para contestar o fato de ter fracassado a URSS. Sigamos por outro caminho.

Vamos primeiro aos conceitos fundamentais: Capitalismo é o acúmulo de bens e abertura para a globalização, ações liberais, gerador de empregos e renda, o único possível aplicar-se na democracia, se bem conduzido; pode ser selvagem ou simples, assim quando há governo eficiente; a Alemanha Ocidental é um exemplo de capitalismo bem-sucedido hoje em dia.

O Socialismo é o oposto, visa a uma sociedade totalmente igualitária, sem distinção nas classes sociais e total controle de renda e comércio pelo Estado, onde existe uma socialização dos meios de produção. Ninguém é obrigado a trabalhar, e quase ninguém trabalha (“Pra quê, né, Mané?) mas são respeitados os planos de produção, embora, como no caso de Cuba, quase nada há nos armazéns. Assim o governo é obrigado a racionar a alimentação. O que fica mais forte no Socialismo é que o artigo primeiro da constituição, embora não seja explicitamente desta forma, o é implicita e claramente: “É proibido pensar.”

Comunismo é uma ideologia política e socioeconômica  que pretende promover o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes sociais e apátrida, baseada na propriedade comum e no controle dos meios de produção e da propriedade em geral. Para se chegar a ele é preciso passar pelo Socialismo e em sua planejada aplicação o ser humano já parece plenamente enterrado até o pescoço com suas exigências.

A discussão com o adolescente que nunca votou e vai estrear agora — tomara que não dê um tiro no pé — terminou mas alguém que acompanhava, um senhor maduro, não como o ditador venezuelano, fez-me  a pergunta de sopetão: “Se o comunismo é ruim, por que existem os comunistas?” Sem rodeios, eis a resposta:  prefiro admitir que os comunistas sejam ingênuos e  idealistas. Acham o capitalismo ruim, mas, realmente, jamais moraram num país comunista. Existe uma frase que ilustra o pensamento de alguns idealistas, inclusive o meu: “Quem nunca foi comunista na vida não possui coração; quem continua comunista pela vida inteira não possui cérebro”
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Concluindo, nada a acrescentar: o meu debatedor jovem, inquieto  e irrequieto, deu ele mesmo resposta a si próprio. Com o seu sagrado direito de opinar, aqui no Brasil, usou a prerrogativa que está por um fio, ou não, porque a derrota do Comunismo parece certa. Só  parece por enquanto  porque os que pretendem na verdade ser donos do país têm fibra para nunca deixar os seus ambiciosos propósitos. Não foi preciso, pelo menos por enquanto, citar que nem Socialismo nem Comunismo se aplicam sem ditadura, a história esclarece. Quanto à inquietação dos brasileiros,  dizia o próprio Getúlio Vargas, que um dia reinou no alto da ganância humana e voltou a ser democrata: “Este povo não quer mais ser escravo de ninguém!”

José Sana
20/10/2018

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